Posso gritar: 'Calem a boca!"?

O peito pesando de ansiedade intensa. - 'A moça maquiada ao lado no banco do ônibus tem problemas como você'. Quando recebi o sorriso de uma estranha em meio a uma confortante conexão humana me emocionei. Chorei de leve pra não borrar a maquiagem feita às pressas para acompanhar a entrevista de hoje. Cansaço mental. Não consigo concentrar com tanta gente se lamentando ao redor. Falando asneiras, perdendo tempo, me atrapalhando. Fico quieta aqui com meus problemas. Todos eles. Vão-se os anéis e ainda querem levar meus dedos. Levem minh'alma, se suportarem o peso. Primeiro semestre de 2011 está surrealmente apocalíptico. Nunca imaginei que meus limites fossem tão elásticos. Só tenho medo ao pensar até onde eles podem esticar. Dor. Descasos e escassos amigos, de fato. Sinto a corda apertar no pescoço se ajustando à base da cabeça. Se eu não puxo alguém puxa. Abuso. Fazer muito para receber pouco. É assim que caminha a vida. Estou no meio da escadaria. Não dá pra voltar e eu não quero. Falta-me fôlego. Falta-me amor. Próprio? Talvez. Subo com a bagagem no lombo, tropeço e levanto. Às vezes quero me deixar rolar até o pé dela. Em outras tento alcançar o topo para me livrar dessas algas grudadas em minha roupa desde que emergi do lodo.

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