Divagações acerca do consumo e seus impactos

Nos últimos tempos, tenho pesquisado um bocado a respeito da origem de artigos que utilizo em meu dia a dia, seja na vida pessoal ou no trabalho, e os impactos gerados por eles. Quanto mais me informo, mais me choco sobre minha ignorância a respeito de coisas que fazem parte da minha vida. Um exemplo é a produção de fibras têxteis.

Pesquisando sobre materiais para utilizar em meu trabalho com fios, descobri que não existe uma fibra melhor que a outra, considerando as de origem animal, sintética e vegetal (sendo que nesse último grupo tem as fibras vegetais naturais, como o algodão, e as artificiais, aquelas que são "fabricadas" com base em uma massa vegetal).

Todas elas geram impactos em maior ou menor grau em diferentes pontos de seus processos de produção. Em geral, esses efeitos negativos são relacionados ao uso de produtos tóxicos (que podem emitir poluentes, contaminar o solo, a água e a fauna), altos gastos de energia e água, além de poder gerar problemas de saúde em seres humanos que os produzem.

Ao me inteirar sobre tudo isso, comecei a observar a forma como escolho minhas roupas - pela impressão estética, conforto, durabilidade (tanto do material quanto pelo modelo, de forma que possa ser combinado com diversas peças e usado muitas vezes), preço, ausência de produtos de origem animal e de trabalho escravo. Até agora isso parecia bastar. Mas, então, pela lógica, é só incluir "escolher a roupa pelo material que causa menor impacto"? Na teoria, sim.

Na prática, a coisa é muito complexa. O que me fez refletir sobre a seguinte questão: embora seja importante buscar artigos que causam menor impacto em todos os sentidos, o uso exclusivo de determinados materiais parece ferir a lei do equilíbrio, onde deveríamos utilizar tudo com moderação. Basta pensar na monocultura e os problemas que ela gera nos campos ambiental, social e econômico.

Com isso, minha conclusão, por ora, é a de que o melhor é me valer, em certa medida, do conceito minimalista, que, falando de modo muito simplificado, traz a ideia de consumo consciente - o que por si só já tem como consequência a diminuição no consumo e escolhas que considerem o melhor para si e para o planeta. No entanto, digo "em certa medida", porque eu não gosto de me prender a crenças, conceitos, filosofias e tal, de forma a evitar cegueira de juízo e radicalismo. Prefiro aprender a respeito, refletir, questionar e colocar em prática para avaliar a viabilidade e seus efeitos.

Sendo assim, por enquanto, me resta tratar essas questões, principalmente, de acordo com meus valores pessoais, que levam em conta o mundo que me cerca e os impactos gerados por mim - que contribuem para seu crescimento ou degradação - de maneira a me tornar mais consciente a cada dia. Porque nem sempre é uma questão de "certo"ou "errado", mas de contexto. E se prender a ideias que já vêm prontas para serem absorvidas sem a possibilidade de digestão é correr o risco de viver guiado por uma visão parcial da realidade.

Na dúvida, consuma menos, com consciência e preserve mais o que adquiriu.

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