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São 30 anos sem você. É inexplicável sentir 30 anos de dor por alguém com quem convivi apenas 10 anos da minha vida em uma fase da qual mal posso me lembrar das coisas que vivi. É curioso que eu não dê importância para retratos e o seu comigo seja o único exposto na minha sala. A ausência mais dolorosa, a saudade mais asfixiante, o choro mais sentido, soluçado, o mais visceral. Eu não quero acreditar no que diz o mundo: que é uma ferida infantil, que eu não tenho como dimensionar as coisas como realmente eram para comparar com o hoje, porque era uma criança e as lembranças não são confiáveis. Eu não posso acreditar nisso, simplesmente, porque essa é uma das raras verdades para mim. Ninguém pode me tirar isso. Ninguém tem esse direito. Eu, que já não tenho nada, não é justo que não possa cultivar esse jardim de flores mortas. Será que também é por isso que essa época de fim de ano fico sempre na bad de uma forma que parece inexplicavelmente desproporcional aos eventos? São muitas coisas
Hoje acordei com a vivo me ligando depois de mais uma noite mal dormida, 3 dias sem internet, muitos protocolos e nenhum registro para assistência técnica, estresse, um final de semana sem tv, nem música, nem nada, trabalho atrasado, olheiras profundas, coluna travada. Ligue para a gestora da vivo. Para o técnico da vivo. Deixei recado pra ambos. Tomei banho enquanto o Lu no viva-voz tentava me passar as condições da internet da claro. Lu mal humorado, irritado. Lavei salada enquanto falava em outro número da claro. Almocei enquanto falava num 3º número da claro. Tenho que ir pessoalmente na claro, meu score de cpf está baixo, não posso fazer portabilidade por telefone. Oi? meu cpf tá em ordem há mais de 20 anos! Pesquiso no google, entre as opções "...se atrasou conta". ah, pago tudo antes! Mas mês passado atrasei 2 contas, porque não abri o e-mail por alguns dias, porque o Lu ia operar, eu precisava organizar tudo, dar conta de tudo e não dei, obviamente, segundo o score do
A vida se desenrola em acontecimentos inesperados. Esse é o padrão. Tudo aquilo que pode mudar, irá mudar. Porque vida é movimento, como diz meu pai. A vida é essa oscilação constante, de natureza tortuosa, ora caótica, ora tranquila, caminhos ciclicamente intrincados. A morte é linha reta. O maior desafio da vida é a própria vida: tudo não passa de uma apresentação improvisada, sem ensaio, para se aproximar do equilíbrio - esse delicado ponto abstrato pelo qual vivemos e do qual a manutenção é utopia. Quando se pensa estar confortável, a vida vem turbulenta e nos sacode de modo que tudo que voa para o alto cai em lugares e de formas completamente diferentes. Não mais há tempo para memorizar, o tempo todo tudo muda e tudo é novo de novo. E esse eterno desconhecido é a perfeição que alimenta nossa evolução. As contradições ficam por conta do que aprendemos como bom e ruim. Do que entendemos por sucesso, felicidade... O cansaço faz parte e coexiste com a calma, a irritação e a tranquilid
Ironia da vida, parece que eu tava adivinhando minha sina quando nomeei esse blog como "ajna, o espaço vazio" há muitos anos.

De-sa-ba-fo

Eu tenho uma condição de saúde rara parcialmente identificada que me causa incontáveis problemas de saúde. O fato de eu estar bem, sorrindo alegre e confiante em um dia e em outro péssima, ausente, irritada e deprimida, é um reflexo disso. Essa mudança é brusca para quem vê de fora, para mim é normal. Sempre ouvi: "Nossa, você está sempre doente." "Seu humor muda do nada, o que acontece?" "Você precisa se controlar/ deixar de ser assim/ ter mais fé/ se cuidar/ reclamar menos, não ficar falando sobre essas coisas negativas etc. etc." Eu fiz muita terapia para chegar aqui nessa mensagem e dizer tudo isso. Eu agradeço a quem se preocupa e me contata perguntando como estou, se melhorei, me deseja melhoras. Mas, o fato, é que eu não tenho perspectiva de melhora e confesso que me angustia não ter uma resposta simples ou positiva para dar. E eu cansei de tentar disfarçar meu mal estar, como se nada estivesse acontecendo. Porque cada vez que me perguntam co
Meus dias se alternam entre o desalento e o desespero. Já passei pela fase do sofrer com e por minha condição, por minha própria incompreensão. Hoje, além disso, sofro também por me dar conta do quanto sofrimento poderia ter sido evitado. Ainda hei de sofrer um bocado, eu sei. A aceitação passa por caminhos permeados de revolta, tristeza, solidão, dor, mal estar, ignorância... Tento me fixar na mensagem que deixei para mim aqui mesma, há quase um ano: "Equilíbrio é movimento Hoje, a minha paz reside entre ter humildade para aceitar minhas limitações e coragem para transpor essas limitações, ainda que um pouco de cada vez, entendendo que a vida é um movimento constante."

Equilíbrio é movimento

 Hoje, a minha paz reside entre ter humildade para aceitar minhas limitações e coragem para transpor essas limitações, ainda que um pouco de cada vez, entendendo que a vida é um movimento constante.