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Mostrando postagens de novembro, 2010
Eu queria muito que fosse verdade. Tudo aquilo que ouvi, que me foi proposto. Eu queria acreditar, porque tudo perdeu a credibilidade desde as últimas vezes. Eu até acredito, acredito pra fugir da realidade, pra sentir um pouco o gostinho de ser feliz plenamente por uma ilusão bem sonhada. Se faz bem ou mal eu não sei. Meu negócio é sonhar e amar os sonhos como se fossem em mim, saca? Sonhos grudados no meu céu-da-boca, como brigadeiro mole de panela. Meu céu de brigadeiro. Ilusões são boas no início e quando se é jovem. Elas parecem reais, porque as sensações são reais. Como pode, né? Mas depois de uma certa idade são perigosas. Ainda mais para cardíacos ou ansiosos e depressivos. Uma ilusão bem sonhada pode causar problemas de tanta alegria ou frustração quando voltamos os olhos à realidade. Ilusão pode matar de desgosto. Se é boa no começo, é terrivelmente fatal ao final. Bem, eu me iludo um pouquinho, porque é o que faz a alegria me visitar vez ou outra, mesmo que assim meio etérea
Há momentos na vida em que os sentidos perdem temporariamente sua eficácia e se torna turva a percepção. Quando vemos uma pessoa querida dando cabeçadas a primeira reação é ajudar, orientar, dar conselhos. Acontece que muitas vezes não somos compreendidos e corremos o risco de ser interpretados como inimigos. O que fazer nessas horas? É o que venho me perguntando insistentemente há alguns meses. Quando a resposta do outro a um apelo amigo se apresenta em forma de agressão somos surpreendidos pelo que parece ser um esgotamento de estratégias para ajudar, socorrer. Nos sentimos impotentes, minúsculos e a dor de ver alguém tão importante para nós se afundando é a mais profunda e triste das dores. Entendi que nada do que eu diga ou faça neste momento vai ajudar. Pelo contrário, qualquer tentativa de resgate pode ser comparada a alguém se debatendo em areia movediça. Afunda e afunda cada vez mais. Resolvi, então, uma nova estratégia: ignorar o fato. Óbvio ululante que não resolve absoluta
Existem alguns momentos em que queremos ser criança ou simplesmente não ser nada. Quem nunca quis esquecer as responsabilidades só por alguns momentos? Jogar tudo pro alto, meter os pés num par de havaianas e descer para a praia sem se importar com nada? Há dias em que nos vemos urgentes e igualmente impotentes, escravos da rotina. É nessas horas que começo a pensar se é isso mesmo a vida ou se tenho outra opção. Os "sensatos" dirão que devemos nos conformar, que nada vai mudar, que o mundo foi sempre assim, etc. Os sonhadores se limitarão a recitar Fernando Pessoa, punto e basta! Tô com eles, mas pô , que dureza heim , Pessoa! Além da dor tem que ser cabra-macho pra enfrentar a auto-censura filha da educação enlatada que recebemos. Acho que essa é a parte mais difícil e que exige maior perícia para garantir o bom senso. Enquanto isso me limito a divagar, sem porto seguro, se é razoável a emoção sobrepor a razão. Principalmente no momentos urgentes como este de agora.
Depois de você nenhuma paixão valeu a pena. A cerveja perdeu o gosto, maio é um mês triste, as tatuagens são cicatrizes. Depois de você eu perdi o prumo, fiquei anjo caído, assim meio torto. A poesia ficou sem coração, porque este ficou com você. O peito às vezes faz um barulho estranho, penso que vou morrer, mas dizem que nessa vida de amor ninguém nunca morreu. Não que eu saiba. Daí penso que se morte não é minha sorte, devo continuar por aí, com o peito oco sem um amor louco que me deixou sem rir. Ando, ando pelo asfalto o andar incauto de quem medo não mais tem. Como o pão que o chifrudo amassa todo dia e quando anoitece minh 'alma reclama da fome de você. Eu não sei que é que acontece, que não é atendida nenhuma prece pra eu ficar com você. Acho que Deus fala baixinho que não é meu caminho todo esse fuzuê . Mas eu não ouço. Sei não se porque coração apaixonado é burro e gosta de sofrer. Ou se é porque sofrendo amo mais que quando amei pela primeira vez.
Entre não sofrer e ter uma vidinha medíocre ou meter a cabeça na parede com vontade e perceber que o mundo depois fica bem melhor e mais pleno, prefiro a segunda opção.