Às vezes eu me repreendo porque penso que posso estar reclamando de barriga cheia, sendo injusta, sabe. Mas depois eu paro e penso que tenho o direito de me sentir assim e dou vazão ao sentimento. Aí minha cabeça fica toda embaraçada feito macarronada e vem o colapso. Fico sem ação, choro, me prostro. É como um ciclo, saca? Não tem fim. Não vou narrar o meu dia. Não vou contar tudo o que deveria ser e não foi. Tudo que não deu certo. Mas vou dizer que queria muito colocar meu pijama, me internar por um dia, apenas um, porém inteiro, em minha cama e chorar até adormecer, cansada. Como cantou Morrissey, "Just another false alarm... The story is old - I know, but it goes on". Essa música tem uma abertura tão cortante, tão dolorida, que é a única que eu poderia escutar no momento. Tem tantas coisas que eu queria dizer, fazer... Mas a cabeça dói demais, demais! E a vista fica flou, a vida fica flou...
A vida se desenrola em acontecimentos inesperados. Esse é o padrão. Tudo aquilo que pode mudar, irá mudar. Porque vida é movimento, como diz meu pai. A vida é essa oscilação constante, de natureza tortuosa, ora caótica, ora tranquila, caminhos ciclicamente intrincados. A morte é linha reta. O maior desafio da vida é a própria vida: tudo não passa de uma apresentação improvisada, sem ensaio, para se aproximar do equilíbrio - esse delicado ponto abstrato pelo qual vivemos e do qual a manutenção é utopia. Quando se pensa estar confortável, a vida vem turbulenta e nos sacode de modo que tudo que voa para o alto cai em lugares e de formas completamente diferentes. Não mais há tempo para memorizar, o tempo todo tudo muda e tudo é novo de novo. E esse eterno desconhecido é a perfeição que alimenta nossa evolução. As contradições ficam por conta do que aprendemos como bom e ruim. Do que entendemos por sucesso, felicidade... O cansaço faz parte e coexiste com a calma, a irritação e a tranquilid...
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