O sol da primavera ilumina o monitor pelas frestas da veneziana. O ar é gelado, porém primaveril. Uma certa sensação começa a subir pelo corpo e cobre o rosto de calor. Vontade imensa de sair correndo para o parque do ibirapuera. No fone, Bush. A música vem com a velocidade da brisa: Letting the cables sleep. O estômago traz a agonia dos vocais e as pernas entram em conflito com a mente que precisa, desesperadamente, entregar tudo no prazo. Hoje não tem trégua. A emoção sobe pelas veias e derrama aquela angústia frenética e sensivelmente explosiva. Pólvora nos olhos. Na boca umas letras misturadas com café forte. Na pele o arrepio constante. Volúpia. Há tempos não sentia o nó esganado na garganta, de quem quer se libertar das amarras da consciência. É tudo comedido; essa mecanização, esse foco. Disfarces para a inquietude, para a dispersão constante. Expiração da mente inundada por você e uns sonhos que não tenho dinheiro para comprar. Silêncio não é o caminho, ele diz na música. Séria constatação. Vê, eu não tenho saída. Minha covardia e o orgulho transbordam pelos olhos e eu sento na beira do cais com os pés balançando n'água. Mas a música me acalma. E acende a percepção. Um animal arisco e farejador, com seu instinto apurado e suas defesas violentas na terra presa nas patas. O coração que não pára de socar o peito, que nunca vai cessar. Eu sou essa mutação cortante e o veneno súbito que penetra na corrente sangüínea. Não há meios de conter. Eu não vou parar de viver. Eu me purifico e me salvo pela dor. Depois, volto pra casa com as botas gastas e é só.
Divagações acerca do consumo e seus impactos
Nos últimos tempos, tenho pesquisado um bocado a respeito da origem de artigos que utilizo em meu dia a dia, seja na vida pessoal ou no trabalho, e os impactos gerados por eles. Quanto mais me informo, mais me choco sobre minha ignorância a respeito de coisas que fazem parte da minha vida. Um exemplo é a produção de fibras têxteis. Pesquisando sobre materiais para utilizar em meu trabalho com fios , descobri que não existe uma fibra melhor que a outra, considerando as de origem animal, sintética e vegetal (sendo que nesse último grupo tem as fibras vegetais naturais, como o algodão, e as artificiais, aquelas que são "fabricadas" com base em uma massa vegetal). Todas elas geram impactos em maior ou menor grau em diferentes pontos de seus processos de produção. Em geral, esses efeitos negativos são relacionados ao uso de produtos tóxicos (que podem emitir poluentes, contaminar o solo, a água e a fauna), altos gastos de energia e água, além de poder gerar problemas de saúde ...
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