O fluxo é interrompido pelo olhar de esguelha de um curioso desconfiado. A mente tramita quase que maquinalmente uma forma de capturar os estados de dispersão de um ser cósmico marcado por chispas indecentes. Tento me desvencilhar da rede que me prende e flutuar pelo caminho suave, mas o domínio da razão é pérfido demais e me questiono sobre o melhor a ser feito. Ponderação. O horóscopo me diz para ter, e eu nem levo tão a sério. Mas dessa vez esse é o caminho. Eu tento não reprimir a corrente que esvai d'alma e do corpo dolorido. Eu tento transformar sucata em ouro ou algo precioso. Da tensão e do desespero constante tento extrair o melhor. Boa sorte para mim, boa sorte para você. Que meus passos saiam nas marcas certas por hoje, amanhã e depois. Que eu receba como prêmio aquele corpo quente no fimdesemana para acalmar meu coração supra inquieto...
A arte de colher pedras preciosas
Às vezes precisamos de pessoas assim, que nos façam sentir a frescura do ar e o perfume das flores. De meninas tão leves e doces que venham com pedrinhas nas mãos - dizendo ser preciosas. De um chocalho, umas penas, alegrias e tendas. De colares, colores, olhares, manjares. Eu vi a luz hoje e me encantei como antes. Eu vi o azul da saia e a vida em avenidas e esquinas. Eu vi hoje a placa na rua que dizia "precisa-se de felicidade". E eu não escolhi o caminho da saudade. Nos pés, os chinelos batidos com pedrinhas brilhantes. Na bolsa, toda esperança querendo saltar pelas bordas. Eu vi o verde e meus olhos sentiram a falta da mãe. Do sal d'água que fica na pele e do sol queimando os cabelos na praia aberta. Sinto falta da saia rodada e dos panos enrolados no corpo. Sinto falta d'água na pele e o refresco d'alma. Veio o verão e já era tarde o pó de gelo abandonou os vidros da janela do quarto. Quero meu copo de gelo, com limão por favor.
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