Não sei por que raios as pessoas tem a maldita mania de achar que estou mentindo. Acho que é porque parece simples demais, natural demais. É incrível - e prestem atenção na palavra: in-CRÍVEL - como se conto uma mentira elas acreditam. Poxa! Já disse, sou assim...não há grande segredos ou coisas mirabolantes. Sou natural, falo o que vem à mente. Não tenho filtros entre o cérebro e a língua: pensou-falou. Mas mesmo assim, tudo que falo soa tão inocente e verdadeiro, que pensam que estou inventando. É cruel, sabia? Certa vez passei por uma coisa ruim (lê-se ruim em seu significado mais amplo e profundo) e quando relatei às pessoas, acharam que eu estava mentindo, pois minha reação era "fria". Ao que eu respondi: "queriam que eu fizesse o quê? Cortasse os pulsos? Começasse a chorar e me descabelar desesperadamente? O que está feito não pode ser mudado. Agora preciso continuar seguindo." A única coisa que fazia com que me ouvissem ainda era que eu não me contradizia. Nunca. Eis que após três ou quatro anos, não me recordo exatamente, descobriram que eu dizia a verdade. Mas até aí, já era tarde...me doeu mais a falta de crença das pessoa, que o horrível acontecimento. Eu havia dado uma trégua aos seres terrenos, mas não adianta. A guerra continua. Isso é péssimo, acaba com minhas forças. E meu estômago dói.
A arte de colher pedras preciosas
Às vezes precisamos de pessoas assim, que nos façam sentir a frescura do ar e o perfume das flores. De meninas tão leves e doces que venham com pedrinhas nas mãos - dizendo ser preciosas. De um chocalho, umas penas, alegrias e tendas. De colares, colores, olhares, manjares. Eu vi a luz hoje e me encantei como antes. Eu vi o azul da saia e a vida em avenidas e esquinas. Eu vi hoje a placa na rua que dizia "precisa-se de felicidade". E eu não escolhi o caminho da saudade. Nos pés, os chinelos batidos com pedrinhas brilhantes. Na bolsa, toda esperança querendo saltar pelas bordas. Eu vi o verde e meus olhos sentiram a falta da mãe. Do sal d'água que fica na pele e do sol queimando os cabelos na praia aberta. Sinto falta da saia rodada e dos panos enrolados no corpo. Sinto falta d'água na pele e o refresco d'alma. Veio o verão e já era tarde o pó de gelo abandonou os vidros da janela do quarto. Quero meu copo de gelo, com limão por favor.
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