Na sua loucura, ele viveu e morreu. Na intensidade, na paixão e na agonia. No tesão pela imundície da vida. O poeta sempre é louco. Quem não é (ao menos um pouco) não cria com profundidade. Minhas criações são alimentadas por esse resto de vida. Pela pastosa dor. Pela solidão que jorra da calha de casa e entra pelas frestas da porta. Meus medos eu deixei em conserva - como compota. As dores eu espalho calmamente pela pele, como pomada. Na esperança de que penetrem e sejam dissolvidas pelo organismo. Essa solidão é que me maltrata. Me tranco no quarto todas as noites e me encolho na cama, enquanto ela arranha as paredes do corredor, lá fora... Não há outro meio de extirpar as raízes dessa condição, senão escrevendo. Cuspindo insanidades, ficções e verdades. Continuo, como sempre, com meus monstros grudados à barra da calça, se arrastando enquanto tento chegar a algum lugar. Eu peço, todos os dias, para que esse mal me deixe...

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