Na sua loucura, ele viveu e morreu. Na intensidade, na paixão e na agonia. No tesão pela imundície da vida. O poeta sempre é louco. Quem não é (ao menos um pouco) não cria com profundidade. Minhas criações são alimentadas por esse resto de vida. Pela pastosa dor. Pela solidão que jorra da calha de casa e entra pelas frestas da porta. Meus medos eu deixei em conserva - como compota. As dores eu espalho calmamente pela pele, como pomada. Na esperança de que penetrem e sejam dissolvidas pelo organismo. Essa solidão é que me maltrata. Me tranco no quarto todas as noites e me encolho na cama, enquanto ela arranha as paredes do corredor, lá fora... Não há outro meio de extirpar as raízes dessa condição, senão escrevendo. Cuspindo insanidades, ficções e verdades. Continuo, como sempre, com meus monstros grudados à barra da calça, se arrastando enquanto tento chegar a algum lugar. Eu peço, todos os dias, para que esse mal me deixe...
De-sa-ba-fo
Eu tenho uma condição de saúde rara parcialmente identificada que me causa incontáveis problemas de saúde. O fato de eu estar bem, sorrindo alegre e confiante em um dia e em outro péssima, ausente, irritada e deprimida, é um reflexo disso. Essa mudança é brusca para quem vê de fora, para mim é normal. Sempre ouvi: "Nossa, você está sempre doente." "Seu humor muda do nada, o que acontece?" "Você precisa se controlar/ deixar de ser assim/ ter mais fé/ se cuidar/ reclamar menos, não ficar falando sobre essas coisas negativas etc. etc." Eu fiz muita terapia para chegar aqui nessa mensagem e dizer tudo isso. Eu agradeço a quem se preocupa e me contata perguntando como estou, se melhorei, me deseja melhoras. Mas, o fato, é que eu não tenho perspectiva de melhora e confesso que me angustia não ter uma resposta simples ou positiva para dar. E eu cansei de tentar disfarçar meu mal estar, como se nada estivesse acontecendo. Porque cada vez que me perguntam co
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