Dita por Dostoiévski, a crua verdade, "o que é preferível: uma felicidade vulgar, ou sofrimentos elevados? Dizei-me o que vale mais! (...) Estamos mesmo desacostumados a tal ponto, que sentimos pela vida real, pela 'vida viva', quase desgosto, e por isso não gostamos que nos obriguem a recordá-la."



Pois digo eu: No que a vida não for plena, a morte será.
Eu gosto é da diversidade, da troca de peles. Eu espero, calmamente, o relógio soar e a dor vir me visitar. No mais, não me deixo ficar um minuto sequer sentada. O mundo viaja às rodas, como carrossel e a poesia é o colírio para uma visão não tão suja e pastosa. E se me é permitido emitir opinião, se algo ela vale, preferíveis são os sofrimentos elevados. 'Quando não vai pelo amor, vai pela dor'. E a felicidade vulgar me enoja. A futilidade, bem como se sabe por meus ditos anteriores, é artigo dispensável e detestável. Portanto, ei de viver com decência minhas desgraças e delas arrancar minha ascensão. Ao menos quando elas baterem em minha porta.
Enquanto a visita se retira e permite uma paz suave ao inquilino, amo mais que tudo o companheiro ao lado. Espero o medo escoar pelo ralo, abro as janelas para que a luz do sol se esparrame em meus tapetes e aqueça meus dias antes tão sombrios. No que concerne à voz - ou à falta dela, nada como meio dia para pesar no coração a vontade de correr e gritar: eu também!

Aguardo o retorno, mais que ansiosamente, e peço, só para não perder o hábito, um punhado de paz espalhada no caminho.

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