Depois as pessoas não entendem o porquê de eu odiar tanto o natal. Essas luzinhas piscando na Oscar Freire às cincoemeiadamanhã são irritantes. Tanta festa e fartura para alguns enquanto outros morrem de fome e frio nessa garoa fina pós-tempestade. Nos dedos carrego Goethe - férias ao Dosto -, e minhas lamentações do balanço de fimdeano. Dou as costas ao dia, que nem amanheceu, e caminho contra o vento gelado, pensando nas longas horas que me esperam na porta do edifício. São seisequatrodamanhã e ninguém pisou aqui. Meus dedos digitam letras que eu nem sei...
Só há essa necessidade extrema de falar, de cuspir, de gritar. Eu quero que tudo voe pelo ar - ou quase tudo. Nove horas de labuta. Nove hora para as três. A semana parece eterna e minha paciência se esvaiu. Tudo que eu preciso está muito longe agora. Tudo que eu quero é um beijo e dormir. Nem sei mais o que digo, nem o que escrevo. Eu só preciso me manter acordada tempo suficiente para realizar os feitos necessários. Seisenovedamanhã. Não ouço o farfalhar das folhas, mas um blábláblá coletivo. Silêncio. Eu preciso ir.







A medida dispersa em copos de futilidade. O desejo gritante ao pé do ouvido. Um minuto a menos. Umas pessoas a mais.

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