O dia em que minha cabeça se abriu

Escrevo nesse dia vinte e um de dezembro de dois mil e dezessete, às vinte e uma horas e cinquenta e oito minutos, com uma sobrancelha arqueada pelo assombro por mim mesma. Pausa. Perplexidade. Eu nem sei por onde começo, pois me sinto como personagem do Matrix quando recebia um download de alguma habilidade nova.

O ano está acabando e eu sigo no mesmo ritmo de sempre - bem no estilo vata-kapha: às vezes correndo na velocidade da luz, às vezes quase parando e derretendo no meio do caminho. O famoso "oito ou oitenta". Pois bem, minha meta para 2017 foi conquistar paz e equilíbrio - palavrinhas forasteiras num vocabulário de extremos. E, quando já estava me dando por satisfeita com minhas conquistas (na total mediocridade de quem pensa que merecia mais pelo tanto de esforço que fez), eis que a vida me surpreendeu, mostrando que realmente sou pequena, muito pequena diante da vastidão desse universo, mas não menos importante do que tudo que nele há.

Fiz grandes coisas (ao menos para mim são grandes!) e tomei tombos igualmente grandes. O tal equilíbrio entre a proporção de luz e sombra, saca? Preciso realmente me acostumar com isso. É ótimo curtir uma vibe boa, mas quando "dá ruim" a gente quer mesmo é apagar e acordar no outro dia. E é esse um dos meus principais pontos de trabalho há anos: transitar entre os opostos sem me opor.

E qual o motivo de eu expor isso agora? Hoje foi um dia como todos os outros... exceto por decepções gigantescas e gratificantes surpresas. São muitos opostos num nível máximo num dia só. O que me levou a ter atitudes diferentes das que eu teria em outro momento. É claro que eu expressei minha insatisfação para e com algumas pessoas e agradeci com toda força do meu coração a outras (a.k.a. > dei ataque de pelanca e vibrei de alegria), exercendo bem meu papel nesse jogo de contrários - ou seriam complementares?

Contudo, ali estava ela buscando se estabelecer, cuja forma eu desconhecia e cujo nome só surgiu na minha mente agora, nesse momento do texto.

Equanimidade.

Eu ri agora, ao mesmo tempo em que meus olhos se encheram de lágrimas. Não é todo dia que algo que a gente persegue como objetivo pousa sobre nossas vidas. Embora não pudesse haver outro desfecho, afinal, desejei - e persegui - com todas as minhas forças conhecer a tal equanimidade que os budistas tanto falam. Um conceito intelectualmente compreensível para mim, porém, que, até então, não havia experimentado. Que, na prática, confundia erroneamente com apatia e que se apresentou me causando uma deliciosa estranheza de mim.

Divagando sozinha a esse respeito, pensei que a equanimidade talvez possa ser comparada à água, que passa por diversas transformações e muda seu estado, mas nem por isso abandona sua real natureza e à sua constituição original sempre retorna. Ou à flor de lótus, que, apesar da lama e adversidades do meio ambiente, permanece oferecendo sua beleza com delicada força. Ou, ainda, poderia comparar a mulheres guerreiras, aquelas mais humildes, que enfrentam dragões no dia a dia, mas que mesmo assim têm os braços sempre abertos para a vida.

Dito isto, só posso agradecer por mais um ano cheio de aventuras, por tudo que pude doar e que soube receber. Desejo que essa experiência se expanda e que eu possa  agir mais a partir dessa equanimidade, ficar mais íntima dela nos próximos ciclos de vida. 😊

Presentão, heim! 💜

Comentários

Unknown disse…
adoro a tua maneira de escrever! e posso já dizer que conhecer-te foi uma benção neste ano tão tribulado. adoro pessoas com valores e que desejam ser sempre melhores, que fazem o bem por aí fora. espero vir a conhecer-te melhor! um beijo.

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