Quando você percebe que aquela pessoa não tá te sacaneando. Que, na verdade, você está se sacaneando. A sua criança interior está ferida e grita, berra, se debate. Quer porque quer, não se conforma em não ter aquilo que quer. Então ela chora, briga, insulta, acusa, faz birra. Se fecha, se consome e se recusa a assumir que é o não que a deixa assim. Você a observa toda contrariada e não sabe como lidar, só sente a garganta dela sufocada e é como se você fosse uma mãe de primeira viagem. Como explicar pra essa criança que o que ela quer não é possível? Que nem é o que ela precisa, de fato? Que ela está sendo caprichosa. Como explicar, se nem mesmo você sabe do que ela precisa e como dar isso a ela...
A vida se desenrola em acontecimentos inesperados. Esse é o padrão. Tudo aquilo que pode mudar, irá mudar. Porque vida é movimento, como diz meu pai. A vida é essa oscilação constante, de natureza tortuosa, ora caótica, ora tranquila, caminhos ciclicamente intrincados. A morte é linha reta. O maior desafio da vida é a própria vida: tudo não passa de uma apresentação improvisada, sem ensaio, para se aproximar do equilíbrio - esse delicado ponto abstrato pelo qual vivemos e do qual a manutenção é utopia. Quando se pensa estar confortável, a vida vem turbulenta e nos sacode de modo que tudo que voa para o alto cai em lugares e de formas completamente diferentes. Não mais há tempo para memorizar, o tempo todo tudo muda e tudo é novo de novo. E esse eterno desconhecido é a perfeição que alimenta nossa evolução. As contradições ficam por conta do que aprendemos como bom e ruim. Do que entendemos por sucesso, felicidade... O cansaço faz parte e coexiste com a calma, a irritação e a tranquilid...
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