Há momentos na vida em que os sentidos perdem temporariamente sua eficácia e se torna turva a percepção. Quando vemos uma pessoa querida dando cabeçadas a primeira reação é ajudar, orientar, dar conselhos. Acontece que muitas vezes não somos compreendidos e corremos o risco de ser interpretados como inimigos. O que fazer nessas horas? É o que venho me perguntando insistentemente há alguns meses. Quando a resposta do outro a um apelo amigo se apresenta em forma de agressão somos surpreendidos pelo que parece ser um esgotamento de estratégias para ajudar, socorrer. Nos sentimos impotentes, minúsculos e a dor de ver alguém tão importante para nós se afundando é a mais profunda e triste das dores. Entendi que nada do que eu diga ou faça neste momento vai ajudar. Pelo contrário, qualquer tentativa de resgate pode ser comparada a alguém se debatendo em areia movediça. Afunda e afunda cada vez mais. Resolvi, então, uma nova estratégia: ignorar o fato. Óbvio ululante que não resolve absolutamente nada. Só faz permanecer a sensação de desconforto e a tristeza. Novamente meditei a respeito e cheguei a uma conclusão plausível:
Quando alguém não entende a situação, não enxerga seus próprios erros, não há quem possa mostrá-los. Não adianta colocar na frente da pessoa, pois esta é completamente cega para novas perspectivas. Não adianta falar, pois não seremos ouvidos. Enquanto a pessoa não se propor a baixar a guarda e ouvir, de fato, o que estão lhe dizendo, enquanto não exercitar sua empatia e se colocar no lugar do outro, enquanto não tiver humildade para aceitar que erra e que isto é completamente natural, necessário e fortalecedor, nada fará efeito. Sem uma mudança interna, sem que a pessoa se abra para novos horizontes e verdades diversas, a vida continuará sem sentido e será mais semelhante a uma madrasta. A verdade está dentro de cada um de nós. Somente nós temos o poder de mudar nossas vidas. É uma escolha pessoal, livre arbítrio. E se você escolhe ser feliz, então será, porque nenhuma adversidade será páreo para sua fúria de viver e ser efetivamente.
Eu oro todos os dias pedindo que a mente dessa pessoa se ilumine. Eu espero que esse instante chegue logo.
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