Hoje o dia foi de um cinza indescritível. Improdutivo, jogado fora, inútil. As árvores altas que recortavam a massa cinzenta do céu traziam à tona toda dor e sensação de sufocamento. Hoje foi difícil lidar com ela. Pensar um jeito de assimilar a vida, assim como o álcool auxilia na assimilação do floral. Uma inquietação que faz os dedos trocarem as letras, a cabeça girar e a visão flou. Acalmar? Só quando Ella me Nina. Me sinto culpada o tempo todo. Culpada por muito que nem me pertence e duplamente culpada pelo que deixei de lado. Se as pessoas pudessem entender, saber... Como é difícil conviver com ela. O quanto nos batemos todos os dias nessa luta absurda. Não queria chorar, não queria ser fraca assim. Mas em certas horas, quando nos vemos completamente sós, fica complicado assumir uma postura rígida de vencedor. E eu recorro às minhas divas como um momento de prece e desabafo. Tentando me incluir novamente nesse mundo.
A vida se desenrola em acontecimentos inesperados. Esse é o padrão. Tudo aquilo que pode mudar, irá mudar. Porque vida é movimento, como diz meu pai. A vida é essa oscilação constante, de natureza tortuosa, ora caótica, ora tranquila, caminhos ciclicamente intrincados. A morte é linha reta. O maior desafio da vida é a própria vida: tudo não passa de uma apresentação improvisada, sem ensaio, para se aproximar do equilíbrio - esse delicado ponto abstrato pelo qual vivemos e do qual a manutenção é utopia. Quando se pensa estar confortável, a vida vem turbulenta e nos sacode de modo que tudo que voa para o alto cai em lugares e de formas completamente diferentes. Não mais há tempo para memorizar, o tempo todo tudo muda e tudo é novo de novo. E esse eterno desconhecido é a perfeição que alimenta nossa evolução. As contradições ficam por conta do que aprendemos como bom e ruim. Do que entendemos por sucesso, felicidade... O cansaço faz parte e coexiste com a calma, a irritação e a tranquilid...
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