De-sa-ba-fo

E se eu disser que ainda te amo? E se eu disser que nunca deixei de te amar? Faz diferença? É a mesma coisa? Quanta ambiguidade em poucas frases... Mas não importa. Nada do que eu disse ou venha a dizer vai mudar o que eu sempre senti por você. Eu te amo. Mesmo sabendo que é impossível. Mesmo sabendo que não dá mais. Que estamos diferentes... ou sempre fomos. Mas na época nos completávamos. Agora nos estranhamos. Eu te amo. Ainda que você não mude ou que adquira manias que classifico como insuportáveis. Ou que sua vida não tenha perspectiva nenhuma. Nada, por pior ou contrário que seja a meus desejos e modo de viver, nada pode transmutar esse sentimento. Eu achei que quando te visse iria saber. Não, eu não sei. Eu achei que podia não mais amar você. Que viver sem a sua presença era normal, que já tinha se transformado num hábito sobreviver apenas com uma lembrança sua. Mesmo que a dor pelo fim não me deixasse completamente. Eu sonho com você. Eu vejo você nas pequenas coisas do meu dia-a-dia e essas são as maiores provas de que eu estou tentando me enganar desesperadamente e quase sem fôlego para negar que eu te amo. Talvez você lembre daqui e leia isso um dia. Talvez esse dia nunca chegue. Porque tarde demais já é. E é incrível como mesmo sabendo ser tarde e imbecilmente visível que não daria certo, ainda assim, eu te amo mais que nunca, mais que tudo, acima de todos os amores que já senti. E é um amor estranho, pois não vem mais acompanhado da paixão. Aquele ardor juvenil que nos deitou de súbito. Não é aquele sentimento louco que pulsa minuto a minuto na vida da gente. É um amor pacífico, quase conformado, assim, meio cansado e entregue ao seu destino. É uma parte da vida que não se desprende mais. E nem é aquela dor doce do amor platônico, do inalcansável, porque foi concretizado. Em sua melhor forma e mais bonita. E não importa o quanto eu possa negar para todo o sempre. Porque indubitavelmente, calmamente eu te amo.

Eu queria que você soubesse disso, acho que você até sabe. Pois se existe uma chance, por mais arbitrária que seja, eu me agarro a ela.