Como diria Caio Fernando Abreu: “Loucura, eu penso, é sempre um extremo de lucidez. Um limite insuportável”. Se eu pudesse usar óculos escuros para aplacar essa fotofobia, se conseguisse perder meu medo do mundo que gira rápido demais me deixando nauseada, talvez aí pudesse compreender minha missão. Viver sem amarras é pura ilusão quando não se sabe o que está ao redor. Liberdade inventada, comprada em prateleiras de lojas hi-tech. O discurso hippie já não surte efeito, pelo contrário, afunda na neve pesada da avalanche capitalista e se permite viver nessa lascívia. Meus medos já não são suficientemente assustadores, dependo do medo alheio para enlouquecer melhor. Dependo de um pânico maior para aprisionar a depressão e me entender letárgica. Os sons são cada vez mais abafados, distantes e distorcidos. Os tremores e palpitações constantes que antes não me preocupavam, agora me levam ao cardiologista aos vinte e sete anos com pavor de um ataque cardíaco. Justo eu, que adoraria morrer, mesmo não querendo. Tenho sonhos estranhos e pesadelos fantásticos que traem e deixam estática ao acordar minha mente. Levanto quando o sol se põe e me deito antes da aurora. Vivo nas entranhas da noite como alguém que precisa se esconder do mundo lá fora. Ando pelos cantos da casa, me esgueirando. Entre sussurros e murmúrios uma praga ou uma prece. Um sopro desesperado por que tudo chegue ao fim. Não importa de que forma. Sou um grito surdo no escuro, uma sombra torta que ninguém pode perceber. Sou um berro latente no ouvido do descaso. Sou só.
Divagações acerca do consumo e seus impactos
Nos últimos tempos, tenho pesquisado um bocado a respeito da origem de artigos que utilizo em meu dia a dia, seja na vida pessoal ou no trabalho, e os impactos gerados por eles. Quanto mais me informo, mais me choco sobre minha ignorância a respeito de coisas que fazem parte da minha vida. Um exemplo é a produção de fibras têxteis. Pesquisando sobre materiais para utilizar em meu trabalho com fios , descobri que não existe uma fibra melhor que a outra, considerando as de origem animal, sintética e vegetal (sendo que nesse último grupo tem as fibras vegetais naturais, como o algodão, e as artificiais, aquelas que são "fabricadas" com base em uma massa vegetal). Todas elas geram impactos em maior ou menor grau em diferentes pontos de seus processos de produção. Em geral, esses efeitos negativos são relacionados ao uso de produtos tóxicos (que podem emitir poluentes, contaminar o solo, a água e a fauna), altos gastos de energia e água, além de poder gerar problemas de saúde ...
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