Eu pensei que poderia, mas não. Iria me lamentar depois por ter sido tão triste quando jovem. Iria me condenar. Eu quero, mas não posso. Deixando isso de lado, preciso somar aqui palavras que expressem meus últimos momentos como ser humano não só pensante, como também atuante. Mostrar meu res non verba. Finalmente, como um soco inesperado que surge, saltei do ninho em que me encontrava e pus-me nessa vida ao desvario constante de quem fica à beira do precipício e inclina a cabeca para tentar ver o seu fim. Saltito de um lado para outro sem amarras ou receios. Corro e paraliso como que compassadamente num descompasso certeiro. Me arremesso de costas e sei que ali embaixo haverá alguém de me amparar. Mesmo que seja me próprio eu.
A vida se desenrola em acontecimentos inesperados. Esse é o padrão. Tudo aquilo que pode mudar, irá mudar. Porque vida é movimento, como diz meu pai. A vida é essa oscilação constante, de natureza tortuosa, ora caótica, ora tranquila, caminhos ciclicamente intrincados. A morte é linha reta. O maior desafio da vida é a própria vida: tudo não passa de uma apresentação improvisada, sem ensaio, para se aproximar do equilíbrio - esse delicado ponto abstrato pelo qual vivemos e do qual a manutenção é utopia. Quando se pensa estar confortável, a vida vem turbulenta e nos sacode de modo que tudo que voa para o alto cai em lugares e de formas completamente diferentes. Não mais há tempo para memorizar, o tempo todo tudo muda e tudo é novo de novo. E esse eterno desconhecido é a perfeição que alimenta nossa evolução. As contradições ficam por conta do que aprendemos como bom e ruim. Do que entendemos por sucesso, felicidade... O cansaço faz parte e coexiste com a calma, a irritação e a tranquilid...
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