Caramba, como é difícil! Quando se consegue algo de bom e tudo se perde nas fraquezas da gente. Minha cabeça dói. Tomo quatro comprimidos e inalo rinosoro pra ver se passa. Sinusite da desgraça! Deixar ler, não deixa, não. Embala o estômago, deixa mareada. Deito. Rolo e não há quem me faça dormir. O corpo dói de ficar na cama. Sofá? Piorou. Levanto e cambaleio. Sinto náuseas. Quero deitar mas lembro que é inútil. Nada concentra, nada apetece. O gosto da língua é imune ao desejo de sentí-lo. Penso em outras coisas. Sacanas. Diverte um pouco, mas logo passa. É que a cabeça pesa demasiado para que se deixe fixar num só ponto. Irritada, me pergunto mais uma vez quando tudo isso vai acabar.
A arte de colher pedras preciosas
Às vezes precisamos de pessoas assim, que nos façam sentir a frescura do ar e o perfume das flores. De meninas tão leves e doces que venham com pedrinhas nas mãos - dizendo ser preciosas. De um chocalho, umas penas, alegrias e tendas. De colares, colores, olhares, manjares. Eu vi a luz hoje e me encantei como antes. Eu vi o azul da saia e a vida em avenidas e esquinas. Eu vi hoje a placa na rua que dizia "precisa-se de felicidade". E eu não escolhi o caminho da saudade. Nos pés, os chinelos batidos com pedrinhas brilhantes. Na bolsa, toda esperança querendo saltar pelas bordas. Eu vi o verde e meus olhos sentiram a falta da mãe. Do sal d'água que fica na pele e do sol queimando os cabelos na praia aberta. Sinto falta da saia rodada e dos panos enrolados no corpo. Sinto falta d'água na pele e o refresco d'alma. Veio o verão e já era tarde o pó de gelo abandonou os vidros da janela do quarto. Quero meu copo de gelo, com limão por favor.
Comentários