A chuva lava as lamentações. Lava o apego e o grosseiro desespero. A chuva conta os pingos das lágrimas nas telhas. O dia amanhece cinza e os olhos enevoados de apatia. Tempo. O tempo engana a gente. Pergunto ao meu café: onde foi que me perdi? Onde... foi... que enfiei meus sonhos e desejos. Meus desajeitados anseios? Tenho medo disso. E o medo congela. Então eu corro, corro e, quando paro, tenho a sensação de que corri em vão. E quando a gente corre, corre e o tempo passa e a gente se vê no mesmo lugar, só que mais sozinho? Mais escuro. Fecho os olhos e visualizo o sol que não está lá. Fecho e não quero mais abrir.
De-sa-ba-fo
Eu tenho uma condição de saúde rara parcialmente identificada que me causa incontáveis problemas de saúde. O fato de eu estar bem, sorrindo alegre e confiante em um dia e em outro péssima, ausente, irritada e deprimida, é um reflexo disso. Essa mudança é brusca para quem vê de fora, para mim é normal. Sempre ouvi: "Nossa, você está sempre doente." "Seu humor muda do nada, o que acontece?" "Você precisa se controlar/ deixar de ser assim/ ter mais fé/ se cuidar/ reclamar menos, não ficar falando sobre essas coisas negativas etc. etc." Eu fiz muita terapia para chegar aqui nessa mensagem e dizer tudo isso. Eu agradeço a quem se preocupa e me contata perguntando como estou, se melhorei, me deseja melhoras. Mas, o fato, é que eu não tenho perspectiva de melhora e confesso que me angustia não ter uma resposta simples ou positiva para dar. E eu cansei de tentar disfarçar meu mal estar, como se nada estivesse acontecendo. Porque cada vez que me perguntam co
Comentários