Nada do que digo ou faço pode tornar essa sensação menos insuportável. Mas eu ainda posso viver, não é? Não importa quantas coisas me sejam tiradas, arrancadas à flor da vida, eu ainda posso viver. Ainda assim tenho minha presença neste mundo. E se me arrancassem a única coisa que me resta – parca atualmente, confesso – pelo menos eu teria deixado minhas pegadas por algum lugar onde pessoas hão de passar. Fico aqui, calada, trancada nesse estado de letargia. As pessoas não entendem, acham ser besteira, corpo-mole. A verdade é que sou uma criatura da noite e se em quase vinte e sete anos não mudei, não será agora que vou mudar. Queria um veneno antimonotonia, uma cura, um socorro. Mas acho que só eu posso me proporcionar isso. Só não sei como...
De-sa-ba-fo
Eu tenho uma condição de saúde rara parcialmente identificada que me causa incontáveis problemas de saúde. O fato de eu estar bem, sorrindo alegre e confiante em um dia e em outro péssima, ausente, irritada e deprimida, é um reflexo disso. Essa mudança é brusca para quem vê de fora, para mim é normal. Sempre ouvi: "Nossa, você está sempre doente." "Seu humor muda do nada, o que acontece?" "Você precisa se controlar/ deixar de ser assim/ ter mais fé/ se cuidar/ reclamar menos, não ficar falando sobre essas coisas negativas etc. etc." Eu fiz muita terapia para chegar aqui nessa mensagem e dizer tudo isso. Eu agradeço a quem se preocupa e me contata perguntando como estou, se melhorei, me deseja melhoras. Mas, o fato, é que eu não tenho perspectiva de melhora e confesso que me angustia não ter uma resposta simples ou positiva para dar. E eu cansei de tentar disfarçar meu mal estar, como se nada estivesse acontecendo. Porque cada vez que me perguntam co
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