Procedimento trata doença pulmonar com anestesia local. Essa era a manchete que eu lia enquanto tentava digerir aquilo tudo. O café frio, a revelação, o frio que travava os dedos das mãos impedindo-os de articular agilmente. Entre uma notícia e outra, náusea. Tontura e calafrios. Não, não poderia estar acontecendo de novo. Não comigo, não da mesma forma. Comecei a acreditar piamente que eu é que causava esse tipo de reação. Ou talvez fosse uma inversão de papéis: o troco por ter agido assim no passado. Mas que culpa tenho eu? Por um lado é completamente claro, fácil de entender, devido às circunstâncias. Por outro, não desce nem com água. Procuro não penetrar profundamente em uma meditação sobre e me enfiar no trabalho. Não dá. Saio para ventilar o pensamento, a massa cinzenta do céu, o ar tão gélido quanto meus sentimentos... Ou quem sabe o estado de choque confundisse minhas sensações – um misto de dor-de-barriga, vontade de chorar e superação constante que triunfava com efeito de frases de auto-ajuda. Eu, uma tira de gente lançada nesse mundo pérfido, procurando me orientar a cada golpe que recebia. Nem toda a força do mundo poderia personificar o que sinto. Nem Mozart poderia compor melodia tão insuportável em sua dor e angústia. Meus olhos me traem. O aguaceiro ameaça e logo o contenho com um senso de localização que alarma ao lembrar que estou em uma sala repleta de colegas de trabalho. Mensagem nenhuma pois foi-me endereçada após a derradeira (que quase me nocauteara). Agora é respirar fundo, contar até mil e esperar da única forma que meus instintos conhecem: no desespero e na ansiedade doentia.
Divagações acerca do consumo e seus impactos
Nos últimos tempos, tenho pesquisado um bocado a respeito da origem de artigos que utilizo em meu dia a dia, seja na vida pessoal ou no trabalho, e os impactos gerados por eles. Quanto mais me informo, mais me choco sobre minha ignorância a respeito de coisas que fazem parte da minha vida. Um exemplo é a produção de fibras têxteis. Pesquisando sobre materiais para utilizar em meu trabalho com fios , descobri que não existe uma fibra melhor que a outra, considerando as de origem animal, sintética e vegetal (sendo que nesse último grupo tem as fibras vegetais naturais, como o algodão, e as artificiais, aquelas que são "fabricadas" com base em uma massa vegetal). Todas elas geram impactos em maior ou menor grau em diferentes pontos de seus processos de produção. Em geral, esses efeitos negativos são relacionados ao uso de produtos tóxicos (que podem emitir poluentes, contaminar o solo, a água e a fauna), altos gastos de energia e água, além de poder gerar problemas de saúde ...
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