Mantenho o rosto voltado para o lado, para o cinza do muro. Falta coragem para encarar o restante da jornada. Fico tensa ao sentir qualquer presença discreta que abala meu mundo durante o sofrer. Desaba uma lágrima roliça e se estira pelo branco do rosto.
Quando foi que se perdeu? Onde foi que me deixou? Para onde partiu a minha boa emoção?
Um mar revolto salga o peito. Ventos cortam os lábios trêmulos e algo mais molesta a mente cansada. Talvez fosse perecível e preferi não acreditar. Ou quem sabe eu houvesse estragado tudo, para variar. Mas eu prometo, dessa vez não há o que rememorar. Não há o que apagar.
A vida se desenrola em acontecimentos inesperados. Esse é o padrão. Tudo aquilo que pode mudar, irá mudar. Porque vida é movimento, como diz meu pai. A vida é essa oscilação constante, de natureza tortuosa, ora caótica, ora tranquila, caminhos ciclicamente intrincados. A morte é linha reta. O maior desafio da vida é a própria vida: tudo não passa de uma apresentação improvisada, sem ensaio, para se aproximar do equilíbrio - esse delicado ponto abstrato pelo qual vivemos e do qual a manutenção é utopia. Quando se pensa estar confortável, a vida vem turbulenta e nos sacode de modo que tudo que voa para o alto cai em lugares e de formas completamente diferentes. Não mais há tempo para memorizar, o tempo todo tudo muda e tudo é novo de novo. E esse eterno desconhecido é a perfeição que alimenta nossa evolução. As contradições ficam por conta do que aprendemos como bom e ruim. Do que entendemos por sucesso, felicidade... O cansaço faz parte e coexiste com a calma, a irritação e a tranquilid...
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