Tudo deve ser feito cuidadosamente. Calculado numa rotina especialmente confortável para que nada saia do controle. Como beber água e acompanhar o caminho que ela faz dos lábios até o estômago, descendo fresca e milagrosa como um remédio. Outra é olhar pela fresta da janela o dourado do sol que bate nas folhagens do jardim que quase não se repara ao entrar. Ver como elas brilham e se agitam na brisa gostosa da tarde. Imaginar até uma joaninha, beleza rara de se encontrar no dia-a-dia desta cidade. Tudo isso cadenciado sob uma canção agradável que massageie o coração, já que este encontra-se em coma profundo. Esquecer o passado que se vai com a água corrente e que se foi na corrente das lágrimas. Deixar de lado os rostos que incomodam e apreciar a novidade em sua plenidade, como quem vê a vida pela primeira vez. Digo: não é fácil segurar os medos numa rede até que chegue a hora certa de soltá-los, mas é necessário. Dói vê-los partir, porque um dia fizeram parte de você. Pertenceram a cada fibra do corpo. Hoje, após todos os solavancos, posso gritar que você é um covarde! E se não quer ser feliz por pura idiotice, me tire dessa! Estou mais leve que perfume no ar e não tenho amarras. Eu deixo ser. Permito-me o melhor de tudo, pois acabam de bater à minha porta.

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