Im-pas-se. Sempre me colocam no meio fio. Ou eu me coloco? Não quero pensar nisso. Se me tocassem nos momentos difíceis, saberiam que estou morta. Se verificassem meus sinais vitais, quando do comportamento atônito, o olhar profundo e distante, saberiam que estou morta. A carne trêmula, alva, posta num vestido vermelho. As faces cheias de incertezas e inquietações, que só alguém muito astuto poderia perceber a ausência na vontade de viver. A tristeza. A irritabilidade por ter que suportar mais um dia entre tantos outros banais e idiotas. Pudera eu chegar lá com um frêmito de vida na ponta dos lábio e soprar as mesmas palavras de Beckett: "Antigamente eu não sabia aonde estava indo, mas eu sabia que ia conseguir, sabia que ia haver um fim na longa estrada cega. Quantas meias-verdades, meu Deus". Eu queria chegar, quero, apesar de tudo e sentir que pelo menos cumpri o mínimo do proposto - suportar o insuportável. No mais, tudo está igual.
De-sa-ba-fo
Eu tenho uma condição de saúde rara parcialmente identificada que me causa incontáveis problemas de saúde. O fato de eu estar bem, sorrindo alegre e confiante em um dia e em outro péssima, ausente, irritada e deprimida, é um reflexo disso. Essa mudança é brusca para quem vê de fora, para mim é normal. Sempre ouvi: "Nossa, você está sempre doente." "Seu humor muda do nada, o que acontece?" "Você precisa se controlar/ deixar de ser assim/ ter mais fé/ se cuidar/ reclamar menos, não ficar falando sobre essas coisas negativas etc. etc." Eu fiz muita terapia para chegar aqui nessa mensagem e dizer tudo isso. Eu agradeço a quem se preocupa e me contata perguntando como estou, se melhorei, me deseja melhoras. Mas, o fato, é que eu não tenho perspectiva de melhora e confesso que me angustia não ter uma resposta simples ou positiva para dar. E eu cansei de tentar disfarçar meu mal estar, como se nada estivesse acontecendo. Porque cada vez que me perguntam co
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