Meio dia e meia, Viaduto do Chá. Destino: Tietê. Paro pra pedir informação ao motorista de ônibus e vejo teu rosto na multidão. Quando aperto os olhos para enxergar melhor já é outra pessoa. Talvez o sol quente ou o odor acre, abominável de urina e fezes da Praça Pedro Lessa. No entanto, é indiferente. És apenas uma pobre alma penada agora. Foste unicamente uma síncope em meus dias. Apnéia e nada mais. Trágico palhaço...
A arte de colher pedras preciosas
Às vezes precisamos de pessoas assim, que nos façam sentir a frescura do ar e o perfume das flores. De meninas tão leves e doces que venham com pedrinhas nas mãos - dizendo ser preciosas. De um chocalho, umas penas, alegrias e tendas. De colares, colores, olhares, manjares. Eu vi a luz hoje e me encantei como antes. Eu vi o azul da saia e a vida em avenidas e esquinas. Eu vi hoje a placa na rua que dizia "precisa-se de felicidade". E eu não escolhi o caminho da saudade. Nos pés, os chinelos batidos com pedrinhas brilhantes. Na bolsa, toda esperança querendo saltar pelas bordas. Eu vi o verde e meus olhos sentiram a falta da mãe. Do sal d'água que fica na pele e do sol queimando os cabelos na praia aberta. Sinto falta da saia rodada e dos panos enrolados no corpo. Sinto falta d'água na pele e o refresco d'alma. Veio o verão e já era tarde o pó de gelo abandonou os vidros da janela do quarto. Quero meu copo de gelo, com limão por favor.
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