Porque não enfia um no rabo e estoura?!


"Um momento senhora, vou consultar a supervisão."
Aquela família que morava ao lado irritava de vez enquando. Rolava até uma comunicação básica: eu ligava o rádio, ele batia a janela, eu abaixava o rádio. Ele gritava gol, eu gritava caramba!, ele moderava. Era até perfeito. A mãe saía, a molecada tomava a casa com um pagode nas alturas e a correria escada abaixo, escada acima, que não deixava ninguém dormir por aqui. No dia seguinte, a mãe chegava, fazia um escarcéu por causa da zona e tudo se normalizava. Mudaram. Depois de tantos anos, o silêncio me era incômodo. Sentia uma solidão na casa ao lado. Durou pouco. Vieram pedreiros e pintores e por mais de mês meu despertador era o martelo ou a furadeira. Ai, que inferno! Eu não podia fazer nada. O dia inteiro aquele barulho. E não bastasse isso, eu, pelada no quarto depois do banho, me deparava com um cabra na lage ao lado, furando, pintando, lixando e o escambau. Puta inconveniente, viu! Aí chegou outra família. Maior. Já sei de cor a rotina: Sertanejo no talo, que eu combato com um roquezinho. Domingo é churrasco. Todo domingo. Uma falação... Deve vir parente de todo canto. Se tem jogo, rola uns fogos de artifício. O mais bacana é que quando estoura meu quarto treme. Fico tão feliz! Dessa vez não aguentei! Liguei 190 e perguntei, tem algo que vocês possam fazer? Ela foi verificar. "Senhora, não é ilegal estourar fogos de artifício, mas se estiver incomodando muito podemos mandar uma viatura ao local." -
"Não, não, obrigada. Se precisar ligo novamente." Entre a guerra e a paz, prefiro a segunda. E já que não adianta, quando estou estudando e sou interrompida pelo susto do estrondo mando lá: enfia no rabo e estoura, porraaa! E eles riem. Fazer o quê...

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