Caixa postal. Já era hora de deixar o gabinete e não obtive nenhuma resposta até o momento. Resolvi simplificar as coisas. Fui até o fim da Líbero, atravessei a Praça do Ouvidor, parando no meio da Dona Maria Paula. Avistei o sebo Aliança e foi o tempo de o farol abrir para finalmente decidir ir direto pra casa. Mas não antes que um freezer com imagens "meramente ilustrativas" me detivesse. Pronto! Três e cinqüenta (com trema mesmo, porque será difícil perder o costume...) por um daqueles sorvetes cheios de coisa, e massa que é bom quase nada. Saio eu com meu sorvete, o alívio para o calorão e alegria para o palato, portanto, feliz. Corro desvairadamente até o ponto da Brigadeiro, onde o ônibus já fechava as portas, e faço sinais, abanando as mãos, para que o motorista me deixe entrar. Ridículo! O decote da blusa, querendo mostrar o que não devia, descendo e a barra subindo. Uma mão revezava entre segurar a bolsa, se segurar e impedir um atentado ao pudor. Enquanto a outra levava o casaco, o livro e o sorvete, que a boca lambuzava. Sentei. Mirei o Ginásio do Ibirapuera pela janela e pensei porque raios não podia ser terça-feira. Seria ótimo poder estar no Ibira Moto Point. Mas eu ia pra casa... Era quinta e a faculdade estava fora dos meus planos. Afinal, ninguém ligou mesmo...
A arte de colher pedras preciosas
Às vezes precisamos de pessoas assim, que nos façam sentir a frescura do ar e o perfume das flores. De meninas tão leves e doces que venham com pedrinhas nas mãos - dizendo ser preciosas. De um chocalho, umas penas, alegrias e tendas. De colares, colores, olhares, manjares. Eu vi a luz hoje e me encantei como antes. Eu vi o azul da saia e a vida em avenidas e esquinas. Eu vi hoje a placa na rua que dizia "precisa-se de felicidade". E eu não escolhi o caminho da saudade. Nos pés, os chinelos batidos com pedrinhas brilhantes. Na bolsa, toda esperança querendo saltar pelas bordas. Eu vi o verde e meus olhos sentiram a falta da mãe. Do sal d'água que fica na pele e do sol queimando os cabelos na praia aberta. Sinto falta da saia rodada e dos panos enrolados no corpo. Sinto falta d'água na pele e o refresco d'alma. Veio o verão e já era tarde o pó de gelo abandonou os vidros da janela do quarto. Quero meu copo de gelo, com limão por favor.
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