Com os fones no ouvido e uma mochila nas costas. Tantas pessoas ainda,cheiro de álcool e cigarro. A bota gasta escorregava nas calçadas novas da Paulista. Pensamentos velhos e mofados rodando no maquinário da cabeça. - Se quiser me encontrar após a meia-noite estarei descendo a Consolação, tentando atravessar o farol desesperadamente enquanto ele fica ali, parado. Help Yourself nos ouvidos e pessoas passando. As imperfeições do chão brilham da água da chuva.

Eu não lavro o ódio, a decisão é de quem foi. Fisicamente. Espíritos andam ao meu lado na mesma cadência. Assistem à minha solidão soturna.Não há palavras enroladas na língua. A garganta ainda fechada do mês passado. Ou retrasado. Já passa da meia-noite. Tempo, tempo. Música. Poesia. Ela me salva.

Distorções de luzes à beira da estrada. O guarda-chuva molhado como as raízes das árvores pelo caminho. Minha tristeza se filtra pela música. Cada vez mais pura, mais exata. Prende com alfinetes as lágrimas que querem se atirar. Mas eu me orgulho. Não da tristeza. De mim. Da força que emerge da escuridão dos meus medos. Que flerta com meus conflitos e desesperos. É penoso lutar contra si mesmo. Contudo, faz o sonho acontecer. E nada pode tirar isso de mim. Dos preços que pago, eu sei. Dos resultados, o que eu espero e agarro com meus finos dedos.

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