Vivo numa dimensão que sobrepôs os limites da razão. Vivo num lago constante em suas estagnações, em sua medida expandida de estresse. Minha veia poética jorra o sangue impuro das dispersões. Canalizando as explosões para esse vértice, lamento escoado nesse pó. Minha loucura eu disfarço todas as manhãs, quando acordo, com a leseira jocosa. Meus pés pulam as cordas transpostas no caminho a fim de alcançar o objetivo extremo e puro, vital. Todo o meu ser comovido numa única ação. Numa linha pontilhada que tracei, que eu nem sei direito onde vai dar. Meu corpo lança, de tempos em tempo, uma fúria incontida nessa tela. Atira suas lamúrias e contestações aos pontos, às reticências.
Em bares, tento descobrir o teor mais puro da música que me transporta ao meu mundo. Tento encontrar esse caminho para seguí-lo eternamente, num esforço incapaz de abraçar as entranhas, o útero do qual saí.
Eu sonho com meu espaço, meu mundo racional, fora dessa irrealidade, dessa insanidade. Eu destruo as crostas de incerteza e falta de coragem. Eu furo os olhos da falsa verdade. Busco meios de escapar da sobriedade e correr para o temporal, na esperança de sentir algo não tão intensamente; já que tudo escorrerá como a água... O problema é esse maldito ponto e vírgula. É o sinal de um final que foi esticado dolorosamente. Não me faço mais em cacos, meu eu é completo, porque é seu. Meu tom é discreto, enquanto você dorme. Meu dom é desperto, quando você some. E eu pinto as paredes de cinza, transtornando a certeza, maculando a realidade. Pois no fim é tudo uma cor só. A cor da verdade. Eu te quero, sempre quis. Você é a dose que eu preciso pra ser feliz.

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