Sabe, o pior não é saber que passará a eternidade no cume de uma montanha com uma ave dilacerando seu fígado. O que dói é saber que ele se regenera... A queda que provoca a fratura dos ossos é o que menos importa...Saber que eles cicatrizam para uma próxima, é que machuca... Não se pode acostumar-se às coisas ruins, mas pode-se ter a certeza de que elas sempre acontecerão. Não me habituo, mas sei que a felicidade é feita de momentos. Meu momento acabou ali, naquela plataforma...Sim, eu sei como as coisas acontecem...Não me causa espanto. Só digo que me acostumar é pedir demais. Mas eu sei como funciona a máquina do mundo. Se isso é bom ou não, nem sei... Depende do ponto de vista...Só sei que fabuloso não é. O resumo de meu fim-de-semana é pautado por tantas peripécias, que não caberia aqui...coisas boas e ruins, volúpia e náusea... Sabe, eu sou normal - não importa seu ponto de vista sobre normalidade - minha vida que é bipolar...vou de um extremo ao outro em minutos...talvez porque algo esteja muito desregulado por aqui...
A arte de colher pedras preciosas
Às vezes precisamos de pessoas assim, que nos façam sentir a frescura do ar e o perfume das flores. De meninas tão leves e doces que venham com pedrinhas nas mãos - dizendo ser preciosas. De um chocalho, umas penas, alegrias e tendas. De colares, colores, olhares, manjares. Eu vi a luz hoje e me encantei como antes. Eu vi o azul da saia e a vida em avenidas e esquinas. Eu vi hoje a placa na rua que dizia "precisa-se de felicidade". E eu não escolhi o caminho da saudade. Nos pés, os chinelos batidos com pedrinhas brilhantes. Na bolsa, toda esperança querendo saltar pelas bordas. Eu vi o verde e meus olhos sentiram a falta da mãe. Do sal d'água que fica na pele e do sol queimando os cabelos na praia aberta. Sinto falta da saia rodada e dos panos enrolados no corpo. Sinto falta d'água na pele e o refresco d'alma. Veio o verão e já era tarde o pó de gelo abandonou os vidros da janela do quarto. Quero meu copo de gelo, com limão por favor.
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