É porque essa coisa não se define...não há palavra só que expresse esse sentimento. Vazio? Angústia? Ansiedade? Melancolia, nostalgia...de quê? I don´t know. É quando você sente que toda a atenção do mundo não vai te parar, que o vento é só pra lembrar a poeira suja "em cantos de concreto"... Mas eu desisti de entender. De me entender. Deixo fluir como uma novidade a cada manhã. E flui o mau-humor, flui o desespero, flui a insanidade. Alegria são momentos...o resto é constante. Queria poder apertar um botão e apagar, como um robô. Ou morrer de vez enquando, só pra variar... Dia desses me atiro nua numa fonte pública. Ou saio falando coisas desconexas pelas ruas, como louca. Estou cansada dessa normalidade. Cansada desse mundinho rotineiro, onde não acontece nada além de bombas, crise aérea, aquecimento global...O caralho! Todo mundo assiste, inerte, ao fim do caos. Todo mundo! E aí, quem se habilita? Ficar aqui de espectador é cômodo demais. Cadê os terráquios desse mundo de Deus? Ah tempo maldito...só faz me enrolar. Quer me ver louca e sóbria. Não! A loucura já é minha...eu sou dela. Somos. Vivo com ela...sobrevivo. Não vivo bem nem mal, simplesmente vivo. Das noites escuras e sem lua tiro minhas sombras. Dos dias, em que o sol rasga nossas retinas, tiro o fôlego. Minhas unhas vermelhas expressam o sangue da solidão, que mordo e despedaço; para logo em seguida ela renascer, negra e sarcástica.
A arte de colher pedras preciosas
Às vezes precisamos de pessoas assim, que nos façam sentir a frescura do ar e o perfume das flores. De meninas tão leves e doces que venham com pedrinhas nas mãos - dizendo ser preciosas. De um chocalho, umas penas, alegrias e tendas. De colares, colores, olhares, manjares. Eu vi a luz hoje e me encantei como antes. Eu vi o azul da saia e a vida em avenidas e esquinas. Eu vi hoje a placa na rua que dizia "precisa-se de felicidade". E eu não escolhi o caminho da saudade. Nos pés, os chinelos batidos com pedrinhas brilhantes. Na bolsa, toda esperança querendo saltar pelas bordas. Eu vi o verde e meus olhos sentiram a falta da mãe. Do sal d'água que fica na pele e do sol queimando os cabelos na praia aberta. Sinto falta da saia rodada e dos panos enrolados no corpo. Sinto falta d'água na pele e o refresco d'alma. Veio o verão e já era tarde o pó de gelo abandonou os vidros da janela do quarto. Quero meu copo de gelo, com limão por favor.
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