Desespero, desespero...Ficar sem te ver me mata! Não há concentração, nem meios de prender minha atenção em o que quer que seja. Uma necessidade extrema que cresce e sufoca a garganta. Um ímpeto de passar a mão no telefone e gritar o quanto quero você agora! Não há nada que possa sanar essa loucura constante de respirar você. Eu esqueço do mundo, me esqueço. Só o que consigo ver é seu rosto na minha frente, me olhando. Que sentimento é esse que me arranca de mim e me lança num espaço abstrato? Ouço as vozes que falam e falam sem parar a minha volta e eu não entendo o que elas dizem... É só um blábláblá irritante que soa como eco muito longe...A mente viaja pelas águas turbulentas de minha ansiedade ao som pesado de soundgarden ou qualquer outra banda que me faça sentir meu corpo novamente. PowerPoint aberto à frente, provas e trabalho implorando para serem feitos, mas eu não sei o que há comigo. Meu corpo se debate contra a atmosfera, a boca grita sons ininteligíveis, os olhos são cegos para esta realidade. As mãos inquietas socam as teclas no teclado, cospem esse texto insano - um desabafo.Os dias estão me dilacerando, cortando minha carne em pedacinhos e parece que quando chegar a sexta-feira não serei mais que retalhos de cansaço e agonia. Eu busquei um comprimido a vida toda. Um diferente desses que prescrevem em receitas, ou os que vêm com bula e contra-indicações. Eu tomei dezenas deles, me entorpeci. Inoculei o veneno maldito da infelicidade. Tranquei minha vida indecente num corpo espancado pela dor. Morri na solidão e agora estou renascendo no seu olhar, na sua boca. Na sua voz.Eu fritei todas as chances de ser feliz e esqueci que tinha um bônus em algum biscoito-da-sorte-chinês.Dos dedos saltam como energia as letras que dão formas às palavras que exorcizam os meus males. Todos eles. Só essas palavras servem como cura. Uma cura única, individualista, íntima e gritante.O tempo parece me mastigar. As pessoas se transformam em visões borradas aos meus olhos. A música pulsa na alma, as palavras me absolvem dos meus pecados.A paz demora a vir me visitar. As lágrimas se fazem necessárias para conter o monstro louco que quer vazar pelos poros. Suor e tensão, vontade de rasgar a roupa e me deixar cair numa cama e desmaiar. Dormir, a fuga número um de pessoas como eu. O instante de abstração, pelo menos até o momento em que os pesadelos não assombram, não destroem esse bálsamo...Eis a minha droga, eis o meu consolo, eis o meu desejo. Aqui dispostos numa realidade que eu não comprei. Num mundo que eu não ousei admitir como meu. Eis o meu néctar milagroso. A paz que eu busquei. A brisa que vai refrescar meus dias nesse inferno promíscuo. Que vai me arrancar dessa pérfida solidão. Dessa afetação.E ainda não acabou...

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